Como bem enunciado por Ken Robinson (autor, palestrante, consultor e defensor de uma educação que atendesse os interesses do aluno), o fato de inúmeras pessoas, talvez até mesmo a maioria delas, não se identificar como uma pessoa criativa, esteja mais relacionada ao conceito erroneamente enraizado culturalmente do que a habilidade criativa em si. Em outras palavras, uma vez que não se sabe ao certo o que é ser criativo, replica-se o que é comumente dito e reforça-se tal habilidade como um dom ou algo inato, não passível de desenvolvimento. Ou então, que no estágio infantil, as crianças são consideradas muito criativas por conta de seus comportamentos e ideias, porém, à medida que vão amadurecendo, tal capacidade se torna cada vez mais imperceptível ou inativa.
A criatividade, como o próprio nome diz, está de fato relacionada à habilidade de criar, produzir ou inventar coisas novas. No entanto, o que precede a esse momento de criação tem tanta relevância quanto o ato em si, que seria a maneira como se encara a realidade, a situação ou o problema enfrentado. O olhar curioso repleto de intencionalidade direcionada em encontrar uma nova perspectiva para além do óbvio ou já conhecido, é o que caracteriza uma pessoa criativa. O famoso “pensar fora da caixa”. Como qualquer habilidade, é totalmente possível aprimorar esse processo. Da mesma forma que ao praticarmos mais a leitura, seremos leitores mais habilidosos, a prática da criatividade também nos tornará mais criativos à medida que persistimos nesse aperfeiçoamento. Sendo necessário às vezes nos obrigar a sair da zona de conforto, uma vez que o nosso cérebro também busca por estabilidade e previsibilidade, impedindo que o caminho criativo fique sempre livre para ser explorado.
Como se não bastasse a dicotomia constante do nosso cérebro de optar pelo que já conhece ou se abrir para novas descobertas (Eagleman e Brandt, 2020), o ambiente escolar onde crianças e adolescentes passam parte considerável de suas vidas enquanto se desenvolvem como indivíduos é, historicamente, desfavorável ao processo criativo como um todo. Desde a estrutura física até o processo avaliativo, influenciados diretamente pela ascensão da industrialização e objetivos da época em que ocorreu, meados do século XIX, compactuam para a perpetuação de um sistema educacional desestimulante e, principalmente, desinteressante para as necessidades dos jovens atuais. Diante disso, nossa missão aqui no Silvio Gonzalez, é lutar diariamente para quebrar esses paradigmas e proporcionar aos nossos estudantes um caminho onde o aprendizado se dê da forma mais natural e prazerosa possível. Como resultado, esperamos formar cidadãos conscientes, preparados para os exames vestibulares (que acabam sendo inevitáveis dado modelo adotado no sistema educacional atual), mas, igualmente felizes e realizados, inteligentes emocionalmente e muito criativos. É nisso que acreditamos e que nos move todos os dias.
Saiba mais (vídeo da apresentação de Ken Robinson no TED, ocorrido na Califórnia em 2006): www.ted.com
Escrito por: Bruno Gonzalez (Gerente de Comunicação e Marketing do Colégio Silvio Gonzalez)